segunda-feira, 13 de abril de 2009

Empreendedorismo na comunicação

Durantes os quatro anos em que cursei jornalismo sempre tive alguma idéias empreendedoras. Tanto que logo no primeiro ano de formada decidi criar a InformaMídia. Enquanto isso, meus colegas disputavam as poucas vagas que haviam nas redações. Outros se rendiam ao ofício de assessores de imprensa (por pura necessidade e não por prazer) sem fazer a menor questão de ao menos disfarçar que não estavam nem um pouco felizes com o rumo que deram às suas carreiras.

Aqueles que conseguiam se empregar nas grandes redações - mesmo que para receber salários miseráveis e trabalhar madrugadas a dentro e fins de semana - se sentiam os top of mind... Já os assessores de imprensa aproveitavam até mesmo o follow up para fazer contatos com editores e quem sabe angariar uma tão sonhada vaguinha na redação. Enfim, assessoria de imprensa era coisa de gente frustrada e empreededorismo algo que nem mesmo passava pela cabeça da maioria.

Quando decidi pedir as contas para montar uma agência de comunicação empresarial, maluca foi o apelido menos agressivo que ouvi. Como alguém poderia abrir mão de um emprego sólido para se aventurar como freelancer, sem horário para cumprir e sem salário para esperar no fim do mês.

Confesso que foi mesmo uma decisão ousada da minha parte. Mas se eu não tentasse jamais saberia se aquilo daria certo. Então, ergui as mangas e abracei o desafio. Não vou dizer que foi fácil, pois não é mesmo. A primeira preocupação é ter uma reserva financeira porque você nunca sabe quando vai cair dinheiro na sua conta, mas as dívidas estão lá, firmes e fortes todos os meses.

Mais do que com dinheiro eu me preocupava com o fato de trabalhar sozinha, sem ter com quem dividir minhas idéias e dúvidas. Pior, não ter para quem contar como foi o fim de semana. O período de adaptação foi bem díficil, mas minha determinação era enorme e persisto nisso até hoje.

Resolvi discorrer um pouco sobre isso porque tenho visto muita gente querendo desistir da profissão porque o mercado não tem colaborado. Ora, o mercado não tem sido fácil para ninguém mesmo, mas desistir não é o melhor caminho. O que precisamos é enxergar além das redações, das gigantescas assessorias de imprensa ou mesmo das concorridas vagas em departamentos internos de comunicação.

É como sempre digo, pode não ter emprego, mas trabalho nunca vai faltar. Temos que treinar nossos olhos para ver todas as possiblidades que nossa área apresenta. Um livro que ajuda e muito nessa nova maneira de encarar os desafios é "Jornalismo Freelance", de João Marcos Rainho. É praticamente uma leitura obrigatória para quem quer se aventurar no empreendedorismo da comunicação. Todo desafio exige cautela e planejamento e Rainho mostra muito bem isso.

8 comentários:

Matheus Costa disse...

Marília, antes de tudo preciso parabenizá-la pelo seu blog, que está com conteúdo conciso e explicativo, sanando muitas dúvidas.

Agora, pode me tirar uma dúvida? Gostaria de saber, se fosse eu dono de um escritório de comunicação e marketing, quanto deveria cobrar por serviços na área como clipping, releases, acompanhamento, follow-up, house organ, press kit e outras soluções do cotidiano da comunicação.

Pode me ajudar?

Meu e-mail: mmccpp@gmail.com

Agradeço desde já, espero estreitar contato!

InformaMídia Comunicação disse...

Obrigada, Matheus!

Bom, os valores variam muito de acordo com a sua região de atuação. Para sanar melhor essas dúvidas, sugiro que você procure o sindicato dos jornalistas da sua cidade. Normalmente eles colocam os pisos no próprio site da instituição.

Só para você entender melhor, normalmente cobramos pelo serviço de assessoria de imprensa, que inclui planejamento, elaboração de releases, follow up, press kit e relatório de resultados. O clipping, como demanda a assinatura de inúmeros veículos, contratamos de uma empresa especializada nisso, uma clipadora. Geralmente o cliente paga isso separadamente, muitas vezes até direto para a clipadora. Já os house-organs, projetos de comunicação interna, eventos e outros devem ser cobrados separadamente, analisando cada projeto.

Espero ter te ajudado.

Matheus Costa disse...

Marília, tudo bem?

Não gostaria de me basear apenas pelo sindicato porque eles têm a mania de "dourar a pílula", ou seja, de colocar um valor justo, porém utópico em relação ao mercado. Digo o mesmo sobre os acadêmicos.

Acredito que com os serviços de assessoria cada vez mais globalizados, os preços devam variar menos de região para região. Mas vamos supor que minha base seja São Paulo: quanto cobrar pelo serviço de assessoria de imprensa, incluindo apenas as funções citadas por você?

Outra coisa: quanto custa, em média, um serviço de clipping?

Mais: como projetar o preço dos house-organs?

InformaMídia Comunicação disse...

Realmente, às vezes os sindicatos exageram um pouco.

Bom, eu procuro olhar bem para a realidade e mercado do cliente. Como tenho me focado em empresas pequenas e novas, não posso cobrar muito até que ele sinta o real valor e importância do serviço. Costumo fazer uma cobrança com base em planejamento e expansão do cliente. Se meu trabalho tem feito com que ele cresça e fature mais, nada mais justo que eu receber mais por isso.

Enfim, é complexo dizer um valor exato, mas me preocupo apenas em não vulgarizar e banalizar o serviço. Se o cliente quiser pagar uma ninharia, eu prefiro recusar. Se prostituir também não.

As clipadoras cobram em média 600 reais por mês para clipar 5 palavras. É preciso analisar bem o mailing para contratar a mais adequada para o ramo do seu cliente.

Os house-organs também necessitam que avaliemos com cuidado o volume do trabalho. Tomo por base uma média 170 reais por lauda só para a produção de conteúdo. A diagramação e arte ficam de fora dessa conta.

Cristiane de Lima disse...

Marília...tudo bem? Meus parabéns pelo Blog, que tem me ajudado muito, pois sou apaixonada pela área de assessoria de imprensa e particularmente gostaria de parabenizá-la pela postagem de hoje, pois algumas palavras me fizeram refletir bastante...Eu sou recém-formada(desempregada) e sinceramente já pensei em desistir da profissão porque eu não encontro trabalho na área. Eu já pensei várias vezes em abrir uma agência de comunicação empresarial para mim, mas não levei a idéia adiante porque eu não tenho experiência na área. Que conselho você daria a uma jovem de 24 anos, recém-formada em jornalismo e com grandes dificuldades de encontrar trabalho na área?

Abraços

Cristiane
crisljor@gmail.com

InformaMídia Comunicação disse...

Olá, Cristiane. Muito obrigada por seu carinho.

Bom, meu conselho é o mesmo: empreender para sobreviver. É mais que notável que não há empregos para todos em redações e nem mesmo nas assessorias. O número de jornalistas que se formam a cada ano é infinitamente maior do que o mercado pode absorver.

Eu também tenho 24 anos e sou formada há apenas dois. Assim que saí da faculdade, aos 22 anos, tive a oportunidade de publicar meu TCC, o livro "Você Sabe Lidar com o Seu Dinheiro? Da infância à velhice". Resolvi então aproveitar o momento de visibilidade para lançar meu próprio negócio. Foi então que decidi criar a InformaMídia, uma agência de comunicação empresarial.

No entanto, essa minha atitude só foi possível porque ao longo da faculdade passei por vários estágios que me trouxeram experiências bem diversas. Passei por cinco empresas fazendo desde rádio, televisão, revista, assessoria de imprensa e comunicação empresarial (que englobava comunicação interna, mkt e até publicidade). Foi essa experiência diversificada que me deu a segurança necessária para buscar meus próprios clientes.

No seu caso, sinto que você ainda não tem essa segurança toda, mas posso te garantir que é uma questão de tempo. O meu conselho para você é investir nas suas redes de relacionamento para fazer freelas e assim amadurecer profissionalmente. Sempre fui muito criativa para elaborar pautas e eu pensava em algumas bem interessantes e ligava nas redações que eu achava pertinente para tal assunto e oferecia um freela. Fiz muitos trabalhos desse jeito.

Tenha em mente que seu nome é a sua marca, então zele muito por ele. Cumpra os prazos e procure dar sempre algo mais do que te pediram. Assim, você cativará um bom lugar no caderninho das pessoas que te contratarão.

Estudar é outro ponto fundamental. Eu estou fazendo pós, mas se você não tiver condições financeiras para fazer isso agora, sugiro que invista nos livros. Existem vários, maravilhosos sobre assuntos do nosso interesse. Eles funcionam como um bom curso e com a vantagem de que você sempre poderá consultá-los novamente.

Enfim, espero ter ajudado.

JovemNarcas disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
BM Casa da Notícia -Assessoria de Imprensa disse...

Marília querida,
Estava lendo seu texto e me vi dentro dele.
Sou jornalista formada há 22 anos e trabalho sozinha, também, sem trocas de opiniões para determinado olhar, mas enfim, são opções que fazemos.