sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A volta do sensacionalismo. Se é que um dia ele se foi...

O sensacionalismo sempre foi assunto frequente nas rodinhas de jornalistas e nos veículos especializados. Esta semana a polêmica gira em torno da capa da edição de quarta-feira, dia 21, da Folha de S. Paulo. A foto de uma vítima da violência carioca sendo carregada num carrinho de supermercado despertou a indignação de muitos leitores. Uma reportagem no Comunique-se (www.comunique-se.com.br) traz um dos relatos:

" “É inconcebível que um jornal do porte da Folha se iguale aos piores ‘jornais’ (se assim podemos chamá-los) dos cantões violentos do Rio. Por que ter que impor aos assinantes e leitores esse tipo de imagem? Será que somente a reportagem escrita não bastaria? Como uma força centrípeta, violência visual só atrai mais revolta para uma boa parcela da população que se guia por apelos visuais, causando mais sensação de impunidade e desesperança”, desabafou Marcos dos Santos. "

O ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins e Silva, rebateu: "às vezes é necessário publicar uma foto como aquela, para despertar as pessoas. Ele não defende o uso frequente de imagens assim, mas em alguns momentos, para tratar de segurança pública, não é uma decisão editorial condenável."

O fato me faz lembrar o ataque terrorista que vitimou dezenas de pessoas nos trens de Madri há cerca de 5 anos. Na ocasião, Folha e Estado publicaram a mesma imagem na capa - produzida por uma agência de notícias. A polêmica surgiu porque um publicou a foto com uma cabeça decepada entre os trilhos enquanto o outro simplesmente limpou a imagem.

Penso que o sensacionalismo não informa, mas deforma e agride o leitor. É claro que alterar uma imagem não é o recurso mais adequado. Neste caso o mais correto seria optar por outra foto. Já no recente episódio da Folha de S. Paulo, acredito que a imagem poderia perfeitamente ser publicada no interior do jornal, pois apesar de marcante, ela não apresenta sinais de sangue e nem de violência explícita.

Sei que um cadáver sendo transportado daquela maneira, revolta - em especial os amigos e parentes da vítima - mas confesso que já vi coisas muito piores por aí. Para mim, o problema está em usar este apelo na capa do veículo, com o simples objetivo de impressionar e vender mais jornal.

3 comentários:

Ocappuccino.com disse...

Oi Marília. Não vi nenhuma das capas, mas jornais deste porte não pdoem se portar como tablóides. Procurei o teu e-mail no blog, mas não encontrei. É que no 'Quem sou eu' aparece 'destaque-se', acredito que o correto seria 'destaca-se'.

MATEUS

InformaMídia Comunicação disse...

Nossa, Mateus. Tem toda a razão. Comi bola mesmo. Valeu pela correção.

Caso queira falar comigo por e-mail - marilia@informamidia.com.br

Abs

Unknown disse...

A Folha de S.Paulo, hoje "vale quanto pesa" - ou seja, não vale nada, portanto virou isso, um jornal apelativo, sem proposta editorial, com um bando de idiótas, julgando e condenando pessoas à revelia. Deixou de ser jornal, faz tempo.

Paulo