terça-feira, 27 de outubro de 2009

A formação profissional do comunicador

Tenho estudado cada dia mais sobre comunicação empresarial e tudo tem me levado à seguinte constatação: os melhores comunicadores empresariais são justamente aqueles que não se dedicam apenas à comunicação.

Isso mesmo. Enquanto uns falam no fim do curso de jornalismo, tenho visto extamente o contrário. Jornalistas diplomados complementando sua formação com cursos nas áreas de relações públicas, sustentabilidade, gerenciamento de crise, estratégias mercadológicas, gestão de negócios e pásmem: matemática e estatística!

Tudo isso porque a comunicação vai muito, mas muito além do chamado "jornalzinho" interno e da divulgação de releases. A comunicação tem mexido efetivamente nas estratégias do negócio. O profissional que se limitar a apenas uma graduação será facilmente engolido pelas feras que não param de se especializar.

Engana-se quem pensa que ter um bom texto é garantia de emprego. Para manter-se na comunicação empresarial é preciso uma formação interdisciplinar. Saber muito sobre determinada área já não vale mais de nada. O negócio é saber de tudo um pouco e, de preferência, muito de alguma coisa em especial.

Quem pensa que anos de experiência garantem conhecimento suficiente está totalmente enganado. Tenho visto cada vez mais quarentões, cinquentões e até sessentões colocando um caderno de baixo do braço e encarando as duras cadeiras das universidades. Se há um caminho, este só pode ser o da educação.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A volta do sensacionalismo. Se é que um dia ele se foi...

O sensacionalismo sempre foi assunto frequente nas rodinhas de jornalistas e nos veículos especializados. Esta semana a polêmica gira em torno da capa da edição de quarta-feira, dia 21, da Folha de S. Paulo. A foto de uma vítima da violência carioca sendo carregada num carrinho de supermercado despertou a indignação de muitos leitores. Uma reportagem no Comunique-se (www.comunique-se.com.br) traz um dos relatos:

" “É inconcebível que um jornal do porte da Folha se iguale aos piores ‘jornais’ (se assim podemos chamá-los) dos cantões violentos do Rio. Por que ter que impor aos assinantes e leitores esse tipo de imagem? Será que somente a reportagem escrita não bastaria? Como uma força centrípeta, violência visual só atrai mais revolta para uma boa parcela da população que se guia por apelos visuais, causando mais sensação de impunidade e desesperança”, desabafou Marcos dos Santos. "

O ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins e Silva, rebateu: "às vezes é necessário publicar uma foto como aquela, para despertar as pessoas. Ele não defende o uso frequente de imagens assim, mas em alguns momentos, para tratar de segurança pública, não é uma decisão editorial condenável."

O fato me faz lembrar o ataque terrorista que vitimou dezenas de pessoas nos trens de Madri há cerca de 5 anos. Na ocasião, Folha e Estado publicaram a mesma imagem na capa - produzida por uma agência de notícias. A polêmica surgiu porque um publicou a foto com uma cabeça decepada entre os trilhos enquanto o outro simplesmente limpou a imagem.

Penso que o sensacionalismo não informa, mas deforma e agride o leitor. É claro que alterar uma imagem não é o recurso mais adequado. Neste caso o mais correto seria optar por outra foto. Já no recente episódio da Folha de S. Paulo, acredito que a imagem poderia perfeitamente ser publicada no interior do jornal, pois apesar de marcante, ela não apresenta sinais de sangue e nem de violência explícita.

Sei que um cadáver sendo transportado daquela maneira, revolta - em especial os amigos e parentes da vítima - mas confesso que já vi coisas muito piores por aí. Para mim, o problema está em usar este apelo na capa do veículo, com o simples objetivo de impressionar e vender mais jornal.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

As disparidades na comunicação

Como sabem, estou desenvolvendo um artigo científico sobre mensuração de resultados em comunicação, com foco especial para assessoria de imprensa. Ontem dei início às entrevistas com as dez maiores agências de comunicação do Brasil com o objetivo de descobrir qual é a importância que elas dão ao tema e como procedem na hora de compilar e avaliar seus resultados.

O que noto desde já é que há uma grande disparidade entre os clientes. Empresas que estão preocupadíssimas com sua imagem, com o valor da reputação e da comunicação. Por outro lado, instituições que mal sabem a importância e o impacto da comunicação em seus negócios. Empresas que não exploram o potencial da comunicação em favor de seu planejamento estratégico.

Enquanto umas desenvolvem ferramentas inovadoras, criam softwares moderníssimos para monitorar o que andam dizendo delas por aí nas redes sociais, outras não se dão nem ao trabalho de contratar uma clipadora para captar os principais veículos de comunicação do país.

E vale salientar que não estamos falando de empresas pequenas que não dispõe de 700, 800 reais para contratar tal serviço. Estamos falando das gigantes, das milionárias que não investem em seus processos comunicacionais não porque não podem, mas porque simplesmente desconhecem ou ignoram o poder da comunicação.

Eis o cenário atual da comunicação empresarial. Um mundo de disparidades.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Comunicação olímpica

Alguns são contra, outros a favor. O fato é que, gostando ou não gostando, a Olímpiada 2016 será sim no Brasil. Como costumo adotar uma postura democrática para quase tudo em minha vida, veja o lado positivo e o negativo deste fato.

Primeiramente, seria infinitamente melhor usar os 29 bilhões de reais em infra-estrutura, saúde, saneamento básico e principalmente educação, do que construir estádios monumentais para mostrar ao mundo não o que somos, mas o que gostaríamos de ser. Realidade falsa e muito distante do cotidiano duro da grande maioria dos quase 180 milhões de brasileiros.

Por outro lado, durante pouco mais de 30 dias os olhos do mundo estarão voltados ao nosso país. Serão os nossos 15 segundos de fama. Uma oportunidade rara e única em toda a América Latina. O que vamos fazer com este curto tempo é o que vai nos fazer ver se o investimento realmente terá valido a pena.

Independentemente da decisão política, ficou evidente que além de motivos fortes, como nunca ter sediado uma Olimpíada, a comunicação foi um fator determinante para a vitória. E neste ponto as equipes envolvidas se superaram. A candidatura foi perfeita. Os vídeos encantadores. Toda a campanha de comunicação, chefiada pela Textual, foi impecável. Parabéns aos integrantes do grupo e sorte para os próximos sete anos de trabalho!